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- PROC – PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL

 





 

 

 

 

 

 

 

 

Avaliação de linguagem e aspectos cognitivos infantis

Avaliar crianças pequenas que ainda não desenvolveram linguagem oral, ou que ainda se comunicam muito limitadamente por meio da palavra falada, tem sido um grande desafio. Raros são os instrumentos que nos permitam verificar as competências comunicativas que tais crianças podem apresentar, considerando a ausência ou uso reduzido da linguagem oral. Nestes casos, uma série de questões estarão presentes: o déficit que a criança apresenta diz respeito somente à linguagem oral? Ele atinge tanto aspectos expressivos quanto receptivos? Outras formas de comunicação, não verbais, estão presentes? Qual o grau de complexidade que tais formas de comunicar apresentam? É uma comunicação intencional ou não intencional? Caso seja intencional, tem características simbólicas ou não simbólicas? E o desenvolvimento mais global dessa criança, como está caminhando? Do ponto de vista do desenvolvimento da atividade representativa, a criança já apresenta condutas simbólicas ou seu desenvolvimento ainda se encontra em níveis sensório-motores? Quando a linguagem oral está presente, que características apresenta? Quais são as funções comunicativas que se manifestam durante a interação da criança com os outros?

O PROC – Protocolo de observação comportamental, levando em conta todas essas questões, tem por objetivo configurar padrões qualitativos de desenvolvimento que dizem respeito a várias áreas da evolução infantil. Ele busca configurar como a criança está se desenvolvendo em termos da comunicação, quer seja verbal ou não verbal, e de uma série de aspectos cognitivos, como é o caso da imitação e da formação de condutas simbólicas, as quais se manifestam na forma de brincar, de se comunicar e de resolver situações que se configuram como desafio ou problema para ela.

A avaliação se dá a partir de procedimentos de observação e de preenchimento de um protocolo. Seu resultado visa levar a uma análise acerca do perfil global do desenvolvimento infantil, o qual pode facilitar a compreensão dos problemas que a criança apresenta. Mais especificamente, seu déficit está centralizado basicamente na questão da linguagem, configurando o que podemos chamar de Transtornos Específicos de Linguagem, em déficits sensoriais, como a Deficiência Auditiva, ou se manifesta como um quadro mais generalizado, atingindo outros aspectos evolutivos, como as habilidades sociais / interativas e a construção de comportamentos simbólicos mais complexos? Nestes últimos casos, poderemos estar frente a problemas de dimensão maior como, por exemplo, a Deficiência Intelectual ou os Transtornos do Espectro do Autismo (DEL).

Enfim, o PROC foi idealizado para poder configurar o desenvolvimento infantil em três aspectos fundamentais, que dizem respeito ao domínio intelectual (formação de condutas simbólicas), comunicativo (recursos verbais e não verbais) e pragmático ou social.

Além de sua aplicação clínica, visando o diagnóstico e o planejamento terapêutico, o PROC também tem sido utilizado para acompanhar a evolução infantil, podendo medir as modificações comportamentais que ocorrem ao longo do tempo, tanto em crianças com déficits quanto naquelas com desenvolvimento típico.

Jaime Zorzi

Simone Rocha de Vasconcellos Hage